Há 88 anos, eclodia, em São Paulo, um movimento que exigia a promulgação de uma nova Constituição e contrário ao golpe de Estado perpetrado por Getúlio Vargas em 1930. O movimento, batizado de Revolução Constitucionalista, teve combates nas ruas da capital e em outras partes do Estado de São Paulo, incluindo a Região de Itapetininga e até Itararé, na divisa com Paraná.
A revolução foi sufocada pelo governo central e Getúlio Vargas ficou no poder até 1945. Mesmo depois de mais de oito décadas, é impossível ressaltar que, tanto em 1932, quanto em 2017, na Constituição, a Carta Magna que rege uma nação, é imprescindível em qualquer estado democrático de direita. Sem uma Constituição, o que sobre é ditadura. E vamos combinar que ditadura nenhuma é boa, seja de direita, esquerda ou de qualquer ideologia.
A crise política (e moral) que afeta o Brasil, hoje, faz com que muita gente invoque a Constitui8ção para quase tudo, muitas vezes, interpretando essa Carta de maneira como lhe é mais interessante.
Respeitar um país e sua Constituição não é interpretar as leis ao seu belo prazer ou segundo interesse de grupos. Também não é se aproveitar de brechas na lei para evitar a prisão ou estender processos por tempo indeterminado. Respeitar um país é seguir suas leis, ainda que elas sejam falhas, o mesmo valendo para instituições.
Em uma democracia, nada é mais adequado do que seguir a Constituição e as leis do país. Caso haja necessidade de mudanças, estas devem ser pensadas com cautela, visando ao interesse a ao bem da sociedade como um todo, notadamente das camadas mais desfavorecidas.
Hoje, são muitos os que protestam e há até quem deseje a volta da ditadura. Mas muitos se esquecem de que uma revolução tem um custo muito alto: o sacrifício de vidas humanas. Nenhuma ideologia política vale o derramamento de sangue, principalmente de inocentes.
Claro que mudanças radicais possuem um alto custo para a sociedade e geram mártires e heróis. A questão e saber se o Brasil está disposto a pagar esse preço. Um preço que São Paulo pagou na revolução de 1932.
Ela foi um movimento contra o primeiro governo de Getúlio Vargas, ocorrido entre 1930 e 1945).Antes do golpe de Estado que colocou Vargas no poder em 1930, o Brasil era regido pela política do café com leite, pela qual oligarquias de São Paulo e Minas Gerais se revezavam na Presidência do Pais.
Quando assumiu, o gaúcho Vargas nomeou interventores nos Estados. Os paulistas não aceitaram um interventor de fora de São Paulo e se rebelaram contra os novos rumos da política brasileira.
MMDC
O estopim da VER.32, foi a morte dos estudantes Mário Martins de Almeida, Euclydes Miragaia, Dráuzio Marcondes de Souza e Antonio Camargo de Andrade, durante a tentativa de invasão da sede de um jornal favorável ao regime varguista, em 23 de maio de 1932. A sigla MMDC que remete às iniciais dos nomes pelos quais os estudantes mortos eram conhecidos, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, se transformou em símbolo do movimento.
Entre os meses de julho de outubro de 1932, as ruas de São Paulo foram o cenário de conflitos entre os revoltosos e as tropas do governo federal. O movimento, que exigia a promulgação de uma nova Constituição fracassou no dia 1º. De outubro de 1932, quando foi assinada a rendição que pôs fim à Revolução. Os principais líderes da revolta tiveram os seus direitos políticos cassados e foram deportados para a Europa.
Um dos monumentos mais emblemáticos de São Paulo faz referências à Ver. 32. Trata-se do Obelisco do Ibirapuera, oficialmente chamado de Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32. Lá estão sepultados os corpos de Martins, Miragia, Dráusio e Camargo e de também 713 mortos durante o movimento paulista Anti-Vargas. O Obelisco tem 72 metros de altura, está localizado na Av. Pedro Álvares Cabral, no Parque Ibirapuera. O Monumento foi feito em mármore e inaugurado em 9 de julho de 1955, com projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili e a execução do engenheiro alemão, radicado no Brasil, Ulrich Edler.