Sir Nicholas Winton, Kt., MBE (nascido Nicholas Wertheim; Hampstead, 19 de maio de 1909 – Slough, 1 de julho de 2015) foi um britânico que organizou o resgate de 669 crianças em sua maioria judias na antiga Checoslováquia, antes delas serem deportadas para campos de concentração nazistas, salvando-as da morte certa em 1939, antes do início da Segunda Guerra Mundial. Por seus feitos foi muitas vezes chamado de “Schindler britânico”, em referência a Oskar Schindler.
No aniversário da rainha, em 1983, foi nomeado membro da Ordem do Império Britânico por seu trabalho na instalação de asilos da sociedade Abbeyfield na Grã-Bretanha e, em 2002, elevado a cavaleiro pela rainha Elizabeth II em reconhecimento ao seu trabalho no salvamento das crianças.[Nicholas Winton foi agraciado com a Ordem de Tomáš Garrigue Masaryk, Quarta Classe, pelo Presidente Checo em 1998. Nicholas Winton encontrou-se novamente com a Rainha durante a sua visita de Estado que ela fez à Eslováquia, em outubro de 2008.No mesmo ano, Nicholas Winton foi homenageado pelo governo checo de várias formas: uma escola de ensino elementar em Kunžak recebeu seu nome e foi agraciado com a Cruz do Mérito do Ministério da Defesa, Grau I.[7]
Foi indicado pelo governo checo para o Prêmio Nobel da Paz de 2008. O asteroide 19384 Winton foi nomeado em sua honra pelo casal de astrônomos checos Jana Tichá e Miloš Tichý. Por ter antepassados judeus, Winton não foi agraciado no quadro de Justos entre as Nações.
Biografia
Nicholas Winton nasceu em 1909 em Hampstead, Londres, filho de alemães judeus que haviam se mudado para Londres dois anos antes. O sobrenome da família era Wertheim mas mudaram para Winton como um esforço de integração. Eles também se converteram ao Cristianismo e Winton foi batizado.
Em 1923, Winton entrou na Stowe School, mas saiu sem se formar. Ele continuou os estudos frequentando uma escola noturna enquanto era voluntário no Midland Bank. Também foi para Hamburgo e trabalhou no Behrens Bank, em seguida no Wasserman Bank, em Berlim.
Em 1931 mudou-se para França e trabalhou no Banque Nationale de Crédit, em Paris, onde adquiriu formação na área bancária. Quando retornou para Londres, tornou-se corretor na Bolsa de Valores de Londres.
Antes do natal de 1938, Winton foi até Praga e ajudou seu amigo Martin Blake, que havia lhe chamado para ajudar em trabalhos humanitários aos judeus. Assim, viu de perto a situação dos judeus na parte da Checoslováquia que estava ocupada por nazistas.
Winton serviu a Força Aérea Real durante a Segunda Guerra Mundial.
Trabalho humanitário
Pouco antes do Natal de 1938, Winton estava prestes a viajar para a Suíça para umas férias de esqui, quando decidiu viajar a Praga para ajudar seu amigo Martin Blake, que estava envolvido em trabalho humanitário com judeus. Ele ficou no Sroubek Hotel, na Wenceslas Square, e pouco tempo depois percebeu que não havia planos específicos para salvar as vidas das crianças, criando a própria organização para ajudar crianças judias que corriam risco com nazistas.
Winton entrou em conta(c)to com o Refugee Children’s Movement (RCM), em Londres. A missão dessa organização era conseguir alojamento e a quantia de dinheiro que o governo Britânico requisitava como garantia para aprovar a entrada dos refugiados europeus perseguidos pelo nazismo.
Em novembro de 1938, pouco depois da Kristallnacht na Alemanha Nazista, a Câmara dos Comuns do Reino Unido aprovou uma medida que permitiu a entrada de refugiados com idade inferior a 17 anos, contanto que tivessem um lugar para ficar e £50 depositadas como garantia de pagamento de um bilhete para eventual retorno ao país de origem.
O boato do “Britânico da Rua Wenceslas” se espalhou e logo uma grande quantidade de famílias apareceram para tentar incluir seus filhos na lista que os colocaria fora do alcance nazista. “Era exasperador“, Winton disse um dia, “como cada grupo se sentia mais urgente que o outro“.
Durante nove meses ele tentou evacuar 669 crianças, por trem, de Praga para Londres. Entre eles estava Karel Reisz, que se tornaria um famoso cineasta, autor do premiado filme “The French Lieutenant’s Woman“. Hoje em dia, acredita-se que existam mais de 5 000 crianças das chamadas “crianças de Winton” que seriam descendentes das crianças que Winton salvou.
Um nono trem com 250 crianças deveria ter partido em setembro de 1939, mas a data coincidiu com a declaração de guerra do Reino Unido à Alemanha. O trem não saiu da estação e as crianças não foram vistas novamente.[12]
Durante mais de cinco décadas Nicholas Winton não revelou esse trabalho humanitário para ninguém. A história foi a público quando sua esposa, Grete, descobriu no sótão de sua casa uma pasta que continha a lista das crianças salvas e cartas para os pais delas.
Holanda
Um obstáculo importante foi conseguir permissão oficial para cruzar os Países Baixos, pois as crianças estavam destinadas a embarcar em uma balsa que ficava em Hoek van Holland. Após a Kristallnacht, em novembro de 1938, o governo holandês fechou oficialmente as suas fronteiras a todos os refugiados judeus. Os guardas de fronteira (Marechaussee) procuraram ativamente por refugiados judeus e, quando encontrados, eram mandados volta para a Alemanha, apesar dos horrores da Kristallnacht serem bem conhecidos nos Países Baixos (por exemplo, a partir da fronteira germano-holandesa na sinagoga de Aachen podia ser visto em chamas, a apenas 3 km de distância).
Winton, no entanto, teve sucesso graças às garantias de que ele tinha obtido dos britânicos. Após o primeiro trem, as coisas correram relativamente bem ao atravessar a Holanda. A holandesa Gertruida Wijsmuller-Meier salvou outras 10 000 crianças judias, principalmente de Viena e Berlim, mas não se sabe se ela e Winton se conheceram. Em 2012 uma estátua foi erguida no cais em Hoek van Holland para comemorar todos aqueles que salvaram crianças judias.
Winton encontrou casas na Grã-Bretanha para 669 crianças, muitas delas órfãs pois os pais tinham sido executados em Auschwitz. A mãe de Winton também trabalhou com ele para colocar as crianças em lares e albergues. Durante todo o verão, Winton colocou anúncios em busca de famílias para aceitá-los. O último grupo de 250 crianças, programado para sair de Praga em 1 de setembro de 1939, não chegou com segurança; os nazistas invadiram a Polônia, marcando o início da Segunda Guerra Mundial, e as crianças foram enviadas para campos de concentração.[13]
Segunda Guerra Mundial
Com a chegada da guerra, Winton pediu o registro como objetor de consciência e serviu na Cruz Vermelha, mas em 1940 ele rescindiu sua objeção para se juntar à FAR, no ramo administrativo e de deveres especiais. Winton era inicialmente um aviador, subindo a sargento no momento em que ele foi contratado em 22 de junho de 1944, como um oficial piloto agindo em liberdade condicional. Em 17 de agosto de 1944 foi promovido a oficial-piloto em liberdade condicional. Ele foi promovido a o posto de diretor de voo substantiva guerra em 17 de fevereiro de 1945. Ele renunciou a sua comissão em 19 de maio de 1954, mantendo o título honorário de tenente de voo. Winton manteve o silêncio sobre suas façanhas humanitárias por muitos anos, até que sua esposa Grete encontrou um scrapbook detalhado em seu sótão em 1988. Continha listas das crianças, incluindo os nomes de seus pais e os nomes e endereços das famílias que levaram-nos através do envio de cartas para estes endereços, 80 das “crianças de Winton” foram encontradas na Grã-Bretanha. O mundo descobriu sobre o seu trabalho em 1988, durante um episódio do programa de televisão da BBC That’s Life!, quando foi convidado como um membro da plateia. Em um ponto, recados de Winton foram mostrados, e suas realizações explicadas. A apresentadora do programa, Esther Rantzen, perguntou se alguém na plateia devia a sua vida a Winton e, em caso afirmativo, ficar de pé. Mais de vinte pessoas ao redor de Winton se levantaram e o aplaudiram.