O Brasil é o quinto maior país em extensão territorial do mundo, possuindo uma grande diversidade. Os diversos elementos que constituem sua paisagem, tais como relevo, clima, vegetação, hidrografia, solo, fauna etc., foram classificados para melhor entendimento e análise territorial do país. Aziz Ab’Saber foi o grande responsável por uma dessas classificações, denominadas domínios morfoclimáticos. O geógrafo brasileiro fez todo levantamento da diversidade paisagística e dos aspectos naturais que mais influenciavam os locais, e formulou as seis grandes unidades do território brasileiro que trataremos a seguir.
Domínios morfoclimáticos
Os domínios devem ser entendidos como a síntese de diversos elementos da natureza em uma porção delimitada do território brasileiro, ou seja, estabelece uma associação entre diferentes elementos, como: relevo, tipos de solo, clima, hidrologia e as formas de vegetação. Em nosso país, existem seis grandes domínios morfoclimáticos, sendo eles: Domínio Amazônico; Domínio das Caatingas; Domínio dos Cerrados; Domínio dos Mares de Morros; Domínio das Araucárias e Domínio das Pradarias. É necessário enfatizar que entre os domínios aqui destacados, existem inúmeras faixas de transição, como podemos observar no mapa abaixo.
Domínio morfoclimático amazônico
O domínio morfoclimático amazônico está situado ao norte brasileiro, e é a maior região morfoclimática do Brasil, com uma área de aproximadamente 5 milhões km² – equivalente a 60% do território nacional, onde estão localizados os Estados do Amazonas, Amapá, Acre, Pará, Maranhão, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso; e também as principais cidades da região, tais como, Manaus, Belém, Rio Branco, Macapá e Santarém. Este domínio é formado por terras de baixas altitudes, depressões, planícies aluviais e planaltos, cobertos pela extensa floresta latifoliada equatorial Amazônica e é banhado pela Bacia Amazônica. A região também enfrenta um gravíssimo problema de degradação ambiental, através das queimadas e desmatamentos, que a cada dia tem contribuído para a devastação da região.
Domínio morfoclimático do cerrado
Este domínio é formado pela própria vegetação de cerrado, e é constituída de chapadas ou chapadões, como a Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros. É importante salientar que é da região do cerrado que saem três nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras: a Amazônica, a São-Franciscana e a Paranáica. Possui uma área de 45 milhões de hectares, sendo o segundo maior domínio por extensão territorial, incorporando os Estados do Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Tocantins (parte sul), Goiás, Bahia (parte oeste), Maranhão (parte sudoeste) e Minas Gerais (parte noroeste). As importantes cidades que o compõem são: Brasília, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Palmas e Montes Claros. Este domínio possui terras com planaltos, sob influência do clima tropical, com vegetação arbustiva e rasteira. Os solos são pobres e ácidos, mas com a utilização do calcário no solo, o domínio tem-se transformando na nova fronteira da agricultura, representada pela expansão do cultivo da soja, feijão, arroz e outros produtos.
Domínio morfoclimático da caatinga
Este domínio está situado no nordeste brasileiro, e abrange em seu território a região dos polígonos das secas. Possui uma extensão de aproximadamente 850.000 km², incluindo o Estado do Ceará e partes dos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí. As principais cidades que o compõe são: Crato, Petrolina, Juazeiro e Juazeiro do Norte. O domínio da caatinga corresponde à região da depressão sertaneja nordestina, área de planaltos, sob influência do clima semiárido, bastante seco, o que favorece a vegetação formada por cactáceas, bromeliáceas e árvores. Destaca-se o extrativismo vegetal de fibras, como o caroá, o sisal e a piaçava. A tradicional ocupação do domínio é a pecuária extensiva de corte, entretanto, com baixo aproveitamento.
Domínio morfoclimático dos mares de morros
Este domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba (no Nordeste), possuindo aproximadamente 1.000.000 km². Situado mais exatamente no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba; e no interior dos Estados, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Incorporando cidades importantes para a economia do país, tais como São Paulo, Rio de
Janeiro, Recife, Porto Alegre, Florianópolis, entre outras. Este domínio acompanha a faixa litorânea do Brasil, desde o Nordeste até o Sul do país. Caracteriza-se pelo relevo com topografia em “meia laranja”, que é formado pela intensa ação erosiva na estrutura cristalina das Serras do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço. Possui área de relevo planáltico com morros arredondados, sob influência do clima tropical quente e úmido, onde havia originalmente a mata atlântica. Esse domínio sofreu grande degradação pela ação do homem, em consequência da grande ocupação populacional na região, além dos desmatamentos e dos intensos processos erosivos que esse domínio sofre em decorrência de seu relevo acidentado e clima úmido.
Domínio morfoclimático da araucária
Este domínio é encontrado desde o sul paulista até o norte gaúcho, ocupando uma área de 400.000 km², que abrange cidades importantes, tais como Curitiba, Ponta Grossa, Lages, Caxias do Sul, Passo Fundo, Chapecó e Cascavel. Ocupa o planalto da Bacia do Rio Paraná, em área de relevo planáltico sob influência do clima subtropical, está associado às médias altitudes, entre 800 e 1300 metros. Esse domínio possui áreas com terra roxa, como por exemplo, o Paraná. A floresta de araucária é homogênea, com vegetação tipicamente aciculifoliada; também pode ser chamada de Mata dos Pinhais. Possui também um grande aproveitamento de madeira e erva-mate. A devastação desse domínio está associada a intensa ocupação agrária, em especial, do café e da soja.
Domínio morfoclimático das pradarias
Este domínio encontra-se situado ao extremo sul brasileiro, ao sudeste gaúcho, possuindo uma extensão, segundo Ab’Saber, de 80.000 km² e de 45.000 km², fazem parte desse domínio as cidades de Uruguaiana, Bagé, Alegrete, Itaqui e Rosário do Sul. O domínio é representado pelo Pampa, ou Campanha Gaúcha, região planáltica, ou seja, onde o relevo é baixo, sob influência do clima subtropical e coberto por vegetação herbácea das pradarias (pasto natural). A principal ocupação econômica desenvolvida nesse domínio é a pecuária extensiva de corte, e a rizicultura irrigada.