Herma de Duque de Caxias em Itapetininga, uma obra de Ottone Zorlini sendo vandalizada.
Todos os anos, milhares de pessoas viajam ao continente europeu para admirar esculturas, pinturas, monumentos e todo tipo de obras de arte por lá expostas, sejam em museus, galerias e até mesmo em praças públicas.
Nas cidades do Brasil, também existem milhares de obras expostas em locais públicos, algumas inclusive de artistas europeus, mas grande parte não recebem a mesma admiração e cuidados como as da Europa.
Na área central de Itapetininga, em frente à Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, existe uma bela praça chamada Praça Duque de Caxias, o marco zero da cidade, onde resiste ao tempo um lindo coreto inaugurado em 1909, rodeado por bancos que já foram vitrines de propaganda de antigas empresas, e hoje parecem o conteúdo de uma cápsula do tempo.
Nessa praça também, existe a maior árvore do tipo pinus elliottii plantada em uma praça pública no Estado de São Paulo e uma herma em bronze do Duque de Caxias, que dá nome ao local.
Essa herma, instalada nos anos 40 no lado oposto de onde está hoje, já foi cenário para muitas fotos e testemunhou inúmeros eventos que ali ocorreram, em uma época onde esse local já foi mais glamouroso e era dispensado a ele, cuidados dignos da sua importância histórica, que nada lembra o estado em que se encontra hoje.
A herma de Duque de Caxias presenciou muitos eventos patrióticos, viu os antigos prédios serem substituídos por novos
empreendimentos e testemunhou até um dos raros acidentes de avião ocorridos em Itapetininga, sentiu a cidade se desenvolver à sua volta.
Mas independente da figura histórica que ela representa, essa herma tem um valor artístico considerável, pois ela foi esculpida pelo artista Ottone Zorlini, que além de escultor, foi também pintor, desenhista e ceramista.
Ottone Zorlini nasceu em Treviso, Itália em 1891, iniciou seus estudos na Academia de Artes de Veneza em 1906 e ainda na Itália realizou diversas obras e participou de grandes exposições e bienais, entre elas, a grande Bienal de Veneza de 1924.
Em 1927 ele vem ao Brasil fixando residência em São Paulo e por aqui criou o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico, hoje instalado no Parque Barragem de Guarapiranga na mesma cidade.
Em seu rol de amizades, vários artistas consagrados como Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Mario Zanini e Fulvio Pennacchi, com os quais viajou pelo interior do Brasil e litoral, para pintar várias telas de paisagens brasileiras.
Obras de Zorlini estão expostas no Museu Bailo em Treviso na Itália e aqui no Brasil, existem 4 obras no acervo permanente do MAM -Museu de Arte Moderna e 14 na Pinacoteca do Estado de São Paulo, ambos na São Paulo.
Na Pinacoteca, sua obra mais famosa é a escultura em pedra chamada Eva Mulata de 1960.
Ainda na Pinacoteca do Estado, em 1991, o museu fez uma exposição especial para homenagear o centenário de nascimento do artista.
Ottone Zorlini faleceu em 1967 e deixou um filho, Giancarlo Zorlini, que também é artista plástico.
Portanto, é mais uma obra que Itapetininga deveria se orgulhar e preservar, no entanto, está sendo vandalizada e correndo o risco de sofrer danos irreversíveis.
Em 2018, após vários apelos para a preservação da obra, algumas associações de defesa da história de Itapetininga se uniram e protocolaram uma petição na prefeitura, solicitando a mudança da herma para dentro do Tiro de Guerra, na esperança de que pelo menos lá, ela seja preservada.
Enquanto isso, os vândalos se divertem com ela.
O requerimento para a mudança de local, pode ser consultado clicando no link abaixo:
Uma pena.