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Rua Prudente de Moraes, 716 - Itapetininga - SP, 18200-040

Em 1730, o coronel Cristóvão Pereira de Abreu foi encarregado da abertura de um caminho de São Paulo para o sul do Brasil, por onde seriam trazidos os animais, objetivando favorecer o escoamento da produção e intensificar o comércio com a região ‘das Gerais’. O chamado caminho de Viamão interligando as grandes pastagens dos Campos e dos Pampas do Rio Grande do Sul com o que hoje é o Estado de São Paulo, possuía áreas com uma vegetação predominante de gramíneas, a qual sempre representou um formidável alimento com extensos pastos naturais para o gado vacum, cavalgar e muar.
Um dos locais utilizados para pouso pelos tropeiros, ficava à beira do rio Itapetininga – o Porto de Itapetininga.
O engenheiro Theodoro Sampaio, responsável pela expedição de exploração dos rios Itapetininga e Paranapanema, em relatório datado de 1889, assim se expressava: “A treze, chegávamos a Itapetininga, situada em posição aprazível, no meio de belíssimos campos e, a pouco mais de seis quilômetros distante do Rio Itapetininga, que lhe fica ao sul”. Nesse local, como bem explica Antônio Galvão Júnior, “está o embrião da história de nossa terra”. Segundo comenta o professor Antônio Antunes Alves, “em documentos impressos encontra-se o nome desse porto, na sesmaria do ituano Ângelo Cardoso dos Campos em 22 de março de 1726”
Em 1766, um grupo de portugueses, chefiado por Domingos José Vieira, deixou o primeiro núcleo (hoje, bairro do Porto) e formou outro, em um local alto e circundado por dois ribeirões, precisamente onde se localiza hoje a catedral de Itapetininga, onde construíram a primeira capela dedicada a Nossa Senhora dos Prazeres. O antigo núcleo (Porto) foi ocupado por Paschoal Leite de Moraes, que, vindo do Paraná com sua família, deu continuidade àquele núcleo populacional.
Nessa época, houve uma disputa entre os dois núcleos: ambos queriam ser elevados à condição de vila. Em 17 de abril de 1770, Simão Barbosa Franco foi nomeado para fundar a administrar o novo povoado, cabendo, a ele a escolha do núcleo principal, que recaiu no novo povoado. A vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga foi oficialmente criada no dia 5 de novembro de 1770. Nessa data convencionou-se comemorar o aniversário do município.
Existia em Itapetininga, no bairro do Porto, um ‘Registro’ para cobrança de impostos: -“Localizado na cidade paulista do mesmo nome, é mencionado em 1765, 1769, 1775 e 1780. Data, porém, de 1721, pelo menos; em 1724 foi arrematado por Miguel Sutil de Oliveira, por três anos. Fazia parte do sistema de arrecadação da contribuição “sobre as bestas que vem do Sul”, também conhecida por “Meios Direitos da Casa Doada”, cujo produto era dividido entre a Coroa e Cristóvão Pereira de Abreu (este sucedido depois por Tomé Joaquim Corte Real). Também cobrava “entradas”. Segundo Aluísio de Almeida, “O Registro – Itapetininga nunca acabou, transformando-se em barreira”. Só teria sido extinto em 1892, quando as barreiras foram abolidas. Saint-Hilaire refere-se a um ‘Registro Velho’ nas proximidades de Itapetininga, em sua Viagem à Província de São Paulo.
Aluisio de Almeida, no livro Vida e Morte do Tropeiro, registra: “o primeiro livro para o lançamento de animais, que passaram na barreira do Itapetininga começa em 19 de abril de 1854 e está no Arquivo Público do Estado de São Paulo”. O mesmo documento revela que o Registro do rio Itapetininga foi criado na mesma época da emancipação da Província do Paraná, para substituir o Registro do Rio Negro.
Logicamente que deveria existir uma casa para sediar o Registro.
Em outro trecho de seus relatos históricos sobre a abertura das estradas de Sorocaba a Curitiba na segunda metade do século 18, Aluisio de Almeida informa ainda: “Houve já dois registros nos rios Paranapanema e Itapetininga, que em 1724 passaram a ser dirigidos por Miguel Sutil de Oliveira”, bandeirante sorocabano.
No livro Itapetininga, ontem e hoje, o historiador Carlos Fidêncio escreve o seguinte: “De Sorocaba para o sul, os tropeiros iam de forma regular, criando ao longo do caminho, locais de pouso.: eram os ranchos e arraiais. Num deles, à margem do rio Itapetininga, num ponto de vau e, portanto, conveniente para o estabelecimento de um registro de passagem de animais, nasceu por volta de 1724 o primeiro núcleo da história de Itapetininga”.
Atualmente, o casarão do Registro Velho localizado no antigo bairro do Porto, em Itapetininga, considerado a marca mais expressiva do caminho das tropas em território paulista, está ameaçado de ruir.
O velho prédio, de estilo colonial, data de meados do século XIX, na avaliação de Jaelson Bitran Trindade, especialista do Condephat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que visitou o local há alguns anos, fotografando o casarão ainda em bom estado. A velha ponte também está lá, em total ruína. Toda sua estrutura, construída de imensas toras, resiste debruçada sobre as águas do Itapetininga.
“A casa é uma edificação composta de duas habitações contíguas: o setor da esquerda apresenta hoje planta igual ao da direita, porém mais estreita, o que sugere que tenha sido uma venda ou pouso, ou mesmo uma agência de cobrança de impostos e as paredes internas podem ser posteriores. As paredes externas são em taipa de pilão e as internas em taipa de mão. O piso é assoalhado -com exceção da sala de jantar e cozinha e a área tabuada é de tábuas estreitas, o que sugere tratar-se de colocação posterior. A carpintaria da casa tem a estrutura dos beirais com encaixe em rabo de andorinha na vertical, viga retranca sobre os cachorros e sob os caibros.
(Fontes: ALMEIDA, Os Caminhos do Sul e a Feira de Sorocaba , 186:96 e 16 – ELLIS, Contribuição ao Estudo, 21 – MOREIRA, Caminhos das Comarcas de Curitiba e Paranaguá , 3:982 – DHBN, 2:458, – RIHGB/AHU/SP, 6:255)
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16137/tde-20052010-100528/publico/Joao_Fernando_Piza.pdf

NÃO É HORA DE APONTAR CULPADOS PELO DESCASO E SIM ENGROSSAR FILEIRAS PELA MANUTENÇÃO DA NOSSA MEMÓRIA HISTÓRICA.

Post Author: Alba Regina Franco Carron Luisi

Cadeira 28, patrono Fernando Prestes de Albuquerque